quinta-feira, 8 de março de 2018

NA MINHA RUA

Na minha rua
Passam meninas soberbas
Velhinhas que murmuram sozinhas
E que um dia foram
Meninas de incertezas

Na minha rua 
Passam meninos atrevidos
Velhinhos de passos medidos
Que um dia foram
Meninos coloridos

Na minha rua 
Passam meninos gritantes
Velhinhos pensantes
De passos trôpegos 
Hesitantes

Na minha rua
Passam meninas vaidosas
Velhinhas tímidas
Cabisbaixas
Como tristes rosas

Na minha rua
Passam dois momentos
Da nossa existência
A juventude querida
E o purgatório da vida.

 Observando as fases da vida. – Jaime Baghá



NO LAR

No inverno aqueço a casa do interior alimentando o fogão de lenha, não penso poesias porque a Kim chora com cólicas de neném. A Mima canta canções de ninar e conversas de consolo, que a Kim não entende, mas compreende o amor e acalma, ai fica olhando com aqueles olhinhos de filhote, com um brilho de pureza dos pequenos seres. A Kim dorme no embalo dos braços, e eu escrevo a dor que passa. 
Inverno no pequeno distrito de Peroba, com uma neblina por todo o vale e pela frincha de minha janela eu vejo somente a cruz da igreja num fim de tarde cinzento. Alimentamos o fogão de lenha para aquecer a casa, o Jaiminho lê gibis na mesa e a Kim é embalada num balaio de vime em forma de meio ovo, suspenso no teto por cordas de náilon, ao menor movimento ele se move e embala seu sono, fica o  som noturno da roça  e das matas e a família passa mais um inverno na casa do interior. 
Nossa casa do interior - inverno 1995
Jaime Baghá


ESTRADA DO INTERIOR

A minha rua é uma estrada
cercada por morros
montanhas
com muito verde
de matas e agricultura.
A minha rua é uma estrada
com a magia do interior
com gente simples morando as margens.
A minha rua tem uma pequena igrejinha
um pequeno vilarejo.
A minha rua é uma estrada de nome saudade
para o colono simples
que um dia migrou para cidade.
A minha rua é uma estrada
com muitas vidas
com a minha vida.

Jaime Baghá


Nenhum comentário: