segunda-feira, 1 de outubro de 2018



A DOUTRINA DO ATRASO.
A política na América Latina, no Brasil e principalmente em nossas regiões do interior, faz parte de uma região organizada para a dualidade, para o divorcio de suas partes, para ao ódio mútuo e a mútua ignorância. Mas só existindo juntos seremos capazes de descobrir o que podemos ser, contra uma tradição política que nos treinou para ser colonizado, para o medo, a resignação e a solidão, e a cada dia nos ensina a não gostar de nós mesmos, a cuspirmos no espelho, a copiar ao invés de criar.
Vivo sempre indignado contra este estado de traição financiado por grupos de interesses, grandes corporações, políticos golpistas, vende pátria, ladrões, canalhas, fabricantes de miséria, por um judiciário em conluio com o mesmo grupo, pelo exército que age como uma  republiqueta de bananas sempre nos assustando com golpes,  e uma mídia comparsa dando cobertura e imbecilizando o povo,  fazendo os tolos acreditar numa cubanização, no perigo vermelho, enxergando comunistas pelas paredes e outras basbaquices,  que,  se não representasse um atraso monumental, seria uma hilária digna de uma opereta bufa da pior qualidade que muitas vezes já assistimos neste país.
Jaime Baghá

segunda-feira, 3 de setembro de 2018



Não temos necessidade qualquer de um mainstream keynessiano neoliberal para nos roubar com as modas do império opressor, não queremos um imperador, um mito fanfarrão mal educado e burro, de algum amo patriota e cipaio ou da púrpura que mascara a incompetência hereditária. Queremos um estadista, uma pessoa simples, um brasileiro latino americano, capaz de compreender a vida das pessoas e que seja escolhido pelo povo. Não necessitamos de um falso consagrado pela mídia, mas de um líder que fale a língua deste povo, que tenha compaixão pelos humildes e traga prosperidade, educação e progresso para esta gente iludida e trapaceada pelos golpes de uma elite canalha.  Jaime Baghá

domingo, 29 de abril de 2018


Brasil, atraso cultural na era digital

Sabe o porquê muitas vezes eu me torno um cara chato e até impertinente, é que sou muito maluco meu amigo, pelo fato de vivermos em um mundo onde uma multiplicidade de forças muito poderosas tem atuado sobre nós, uma delas são as corporações aliado a política e a mídia no grande controle. Aqui, a Globo é a vanguarda da imbecilização coletiva, marcando uma nação pela ignorância e pela prepotência da minoria reacionária. 
Como disse Mino Carta no seu edital, “Há tempos o Brasil não produz mais escritores como Guimarães Rosa, Gilberto Freyre, pintores como Cândido Portinari, historiadores como Raymundo Faoro, cultores da ironia como Nelson Rodrigues, jornalistas e repórteres como Cláudio Abramo e Rubem Braga, um dramaturgo e poeta como Ariano Suassuna,  O que restou foi Alfredo Bosi  que já passou dos 80, ou Chico buarque para quem alguns moleques perderam o respeito.

Do nascimento, passando pela escola, até o trabalho, tentam suprimir nossa individualidade, nossa criatividade e acima de tudo nossa curiosidade, em suma, destruir tudo que nos encoraja a pensar por nós mesmos. Todo cara que tenta ousar, mudar, que luta pelo diferente sofre a discriminação do socialmente correto, é a velha porra conservadora agora acomodada até nos partidos de esquerda. 

Até para os que se acham moderninhos num universo ordinário e de mau gosto, vão contaminando todo um país, condenando-o ao atraso, resultando num bando de riquinhos marrentos e pobres violentos nas metrópoles, dizendo as pequenas províncias interioranas, “sempre foi assim, porque mudar”?
Não muda nas escolas, nas mídias, o coletivo vai tentando ser celebridade (palavrinha infecta), e os “ídolos” e seus seguidores de cabelos engomados, bundas siliconadas e chapéus de cowboys americanos gritando “galera, mãozinha pra cima” para o povo rebanho.

Nossos pais querem que seus filhos ajam como as outras crianças da vizinhança; eles enfaticamente não querem um menino ou uma menina que pareçam “estranhos” ou “diferentes”, tampouco “condenavelmente espertos demais.” Mesmo porque, este esperto é o estranho, e numa província retrograda o cara é mais estranho ainda, se for um intelectual esta perdido, é um alienígena.

Então entramos na escola, um destino pior que a morte e o inferno combinados. Ao aterrissarmos em uma escola, aprendemos duas lições básicas: 1) Existe uma resposta correta para qualquer questão; 2) A educação consiste em memorizar essa única resposta correta e regurgitá-la nas “provas”. Toda a atenção é focada na fofoca do Facebook ou os olhos vidrados no celular mais moderno que podem adquirir.

As mesmas táticas continuam pelo ensino médio e, salvo em algumas ciências, até a universidade.
Através desta “educação” encontramo-nos bombardeados pela religião organizada. A maioria das religiões, no ocidente, também nos ensina a “única resposta correta”, as quais devem ser aceitas com uma fé cega; pior ainda, tentam nos aterrorizar com ameaças de sermos queimados após a morte, tostando e fervendo no inferno se alguma vez ousarmos pensar por nós mesmos, de fato.
 Viva o rebanho obediente! De um lado uma religião com festas, bebedeiras, escândalos políticos, financeiros e pedofilia; de outro, fanáticos pregando evangelhos aos gritos, descriminando tudo pedindo dinheiro, cartão de crédito com senha e até seu salário, na maior cara de pau, e o cara não pode ser chamado de vigarista, porque o rebanho imbecil dá com o maior prazer e ainda diz “ó glória”.

 No meio de tudo isso o inferno urbano, já chegando no interior para o espanto e desgraça dos nativos, transformando meninos em malandros da ralé, transformando a sociedade pacata numa turba, enquanto a “sociedade” burguesa e inculta se preocupa em sair nas colunas sociais de jornais, em colunas inexpressivas, numa ópera bufa sem preocupação com o social e a cidadania. Siliconadas, popozudas, MC'S mérdas e aquela desgraça “musical”, sertanojo, sambanejo, bonde do otário, que a orgia dos manés desfila nos seus carros (autojéca) cheio de alto falantes, como se teu ouvido fosse penico.
Ou você aceita a cultura do pode tudo, do que castra tudo, do que f... tudo, ou se acovarda, se vai querer mostrar coisas novas, educadas e cultural, não é bem-vindo. Como diz o Sr. Jean Baudrillard, “quero ver como toda esta orgia vai acabar”.

Depois de 18 a 30 anos de tudo isso, com grande dificuldade entramos no mercado de trabalho,  e aprendemos a nos tornar, ou a tentar nos tornar, quase surdos, mudos e cegos. Devemos sempre dizer aos nossos “superiores” o que eles querem ouvir, o que veste seus preconceitos e seus desejos fantasiosos. Se notarmos algo que eles não querem saber, aprendemos a manter nossas bocas fechadas, se não você esta fora. 

Houve uma época em que eu pensei que a tal juventude cabeça poderia mudar um pouco o quadro, mas, uma política golpista, de exceção, perniciosa, ditatorial, neoliberal, junto com um judiciário canalha, uma policia agressiva surrando jovens estudantes,  desmantelou o moderno de pensamento. Ainda temos alguns que fazem parte dos jovens que pensam diferentes, com classe cultura e uma alternativa de comportamento, não usa a nova tecnologia das redes apenas para bisbilhotice. 
São poucos, e temo que possam sumir, cada vez que vejo um acontecimento de massas com apresentações banais e na velha máxima grega de “Panis Et Circens”. Fico numa grande preocupação com pessoas que vivem ao meu redor,  felizes com estas confrarias. 

Vejo que estou ficando velho e cada vez mais longe do rebanho, mais solitário e com poucas expectativas.
Este rebanho humano começou com gênios em potencial, antes que a conspiração tácita da conformidade social enferrujasse seus cérebros. Todos eles podem se redimir dessa liberdade perdida, se trabalhar duro pra isso.
Eu trabalhei por isso por 40 ou mais anos até agora, e ainda acho partes de mim agindo como um robô ou um zumbi em algumas ocasiões. Aprender a “tornar-se o que se é” (como na frase de Nietzsche) leva o tempo de uma vida, mas ainda parece ser o melhor a se fazer, e eu fico tentando e torcendo, quem sabe alguma visão mais aguçada veja que pode haver uma luz no fim do esgoto e eu sobreviva para ainda ver uma sociedade mais moderna, instruída, civilizada e nossos jovens culturalmente mais ativos, porque o verdadeiro rebelde é o cara que ousa, que muda conceitos e estilos, mesmo numa província inculta.

O maior problema da ignorância não é a falta do saber, é rejeitar quem sabe, e o que é pior, pelos que pensam que sabem por que a massa lhes é favorável, esta mesma massa robotizada pela mesmice e cultura de televisão que levou o país a esta merda. Também chamam esta era de Época da Informação, porém, nos países chamados terceiro mundo vejo que a perplexidade e a crise de paradigmas se constitui num álibi para o imobilismo.

A praga é que tudo isto é tão manipulado por políticos gananciosos e neoliberais, (aquele neoliberalismo canalha que até Hayek e Von Mises diseram ser perniciosos para países em desenvolviemnto), políticos vende pátria e seguidores de conveniências, que quando eles abrem a boca para falar, eu fico pensando quanto tempo vai demorar. Minha esperança vem daquela máxima, “toda mudança social vem da luta e da paixão dos indivíduos, não conte com os políticos e governantes”. Por enquanto estamos no tudo deve mudar para que tudo fique como está, e é um fato muito triste para este cara metido a pensador, que insiste em não tirar o pé do underground e ser um maistream de merda.

  Jaime Baghá

quinta-feira, 8 de março de 2018

NA MINHA RUA

Na minha rua
Passam meninas soberbas
Velhinhas que murmuram sozinhas
E que um dia foram
Meninas de incertezas

Na minha rua 
Passam meninos atrevidos
Velhinhos de passos medidos
Que um dia foram
Meninos coloridos

Na minha rua 
Passam meninos gritantes
Velhinhos pensantes
De passos trôpegos 
Hesitantes

Na minha rua
Passam meninas vaidosas
Velhinhas tímidas
Cabisbaixas
Como tristes rosas

Na minha rua
Passam dois momentos
Da nossa existência
A juventude querida
E o purgatório da vida.

 Observando as fases da vida. – Jaime Baghá



NO LAR

No inverno aqueço a casa do interior alimentando o fogão de lenha, não penso poesias porque a Kim chora com cólicas de neném. A Mima canta canções de ninar e conversas de consolo, que a Kim não entende, mas compreende o amor e acalma, ai fica olhando com aqueles olhinhos de filhote, com um brilho de pureza dos pequenos seres. A Kim dorme no embalo dos braços, e eu escrevo a dor que passa. 
Inverno no pequeno distrito de Peroba, com uma neblina por todo o vale e pela frincha de minha janela eu vejo somente a cruz da igreja num fim de tarde cinzento. Alimentamos o fogão de lenha para aquecer a casa, o Jaiminho lê gibis na mesa e a Kim é embalada num balaio de vime em forma de meio ovo, suspenso no teto por cordas de náilon, ao menor movimento ele se move e embala seu sono, fica o  som noturno da roça  e das matas e a família passa mais um inverno na casa do interior. 
Nossa casa do interior - inverno 1995
Jaime Baghá


ESTRADA DO INTERIOR

A minha rua é uma estrada
cercada por morros
montanhas
com muito verde
de matas e agricultura.
A minha rua é uma estrada
com a magia do interior
com gente simples morando as margens.
A minha rua tem uma pequena igrejinha
um pequeno vilarejo.
A minha rua é uma estrada de nome saudade
para o colono simples
que um dia migrou para cidade.
A minha rua é uma estrada
com muitas vidas
com a minha vida.

Jaime Baghá