domingo, 5 de junho de 2016



DÉJÀ VU

Eu ando pelos desvios
Padeço e sobrevivo
Feito cachorro vadio
Não programo meus caminhos
Não traços objetivos
Para não ter de aturar
Elogios familiares
E um babaca empertigado
No meu túmulo discursar.

Não quero ser o exemplo
Queria ser vagabundo
Aproveitar meu pouco tempo
Caminhando pelo mundo.

Sou o Cândido de Voltaire
Nesta miséria humana
Sou o que nada quer
E quem me quer me engana.

Sou o miasma
Que o sangue medra
Louco da divina comédia
Paria dos sociais bandidos
O que na vida anda perdido.

Eu observo os homens
Razão por não querer ter nome
Racional de paixão incompleta
Que me faz maldito poeta.

Eu sou o nada
Uma trapaça
Não quero a grande farsa
Arranco a minha máscara
Exponho a minha carcaça.

Não sou o que machuca o mundo
Que adora o deus absurdo
Que mata a própria espécie
Ora para a utopia
E no paraíso padece.

Sou dos meus iguais o inviso
Senil que não perdeu o juízo
Sem apegos aos objetos
Porque morre e vira dejeto.

Sou o engano
Profundamente humano
Que sofre por ser
Não ser
O que vê
E não quer ver
O não sei...
Eu
O ser...
 Jaime Baghá  - procuras!

Adoro esse olhar blasé que não só já viu quase tudo mas acha tudo tão déjà vu mesmo antes de ver.  Cícero