sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Nelson Rolihlahla Mandela

Mandela

Este homem negro nasceu numa aldeia e sofreu segregação racial, foi condenado a prisão perpétua, acusado de sabotagem, comunista, subversivo, rebelde, traidor fora da lei e ficou na cadeia durante 27 anos.  
Foi amigo de grandes líderes políticos, de personalidades, de artistas, de ditadores, de reis, de rainhas e  de princesas. Saiu nas manchetes dos jornais abraçado com Fidel Castro e não foi vilipendiado pelos conservadores de seu país.
Algumas vezes foi até incompreendido pelos seus seguidores, no entanto ganhou prêmios pelo mundo afora por suas posições e até um prêmio Nobel da Paz, foi presidente do seu país e a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu um dia em sua homenagem: “O Dia Nelson Mandela” 18 de julho. Mandela é considerado como um dos maiores líderes morais e políticos de nosso tempo.
Como seria ele se vivesse no Brasil? Principalmente na época da ditadura aos nossos dias? Como seria visto este líder pelos nossos "homens de bem", que discriminam e desrespeitam um líder que não esta de acordo com os seus padrões "burgueses", seus conservadorismos arcaicos e retrógrados que manipulam a mídia, as informações e até suas religiões para que o povo odeie os líderes que são voltados mais as causas sociais e humanas? Acho que não chegaria a ser um Lula, seria um 46664 ou morreria como um Amarildo.

Jaime Baghá – Descanse em paz Tata Madiba


"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, pode ser ensinado a amar."   
Nelson Mandela


INVICTUS

Sob o manto da noite que me cobre
Negro como as profundezas de um pólo a outro
Eu agradeço a todos os deuses
Por minha alma invencível.

Nas garras ferozes das circunstâncias
Não me encolhi, nem derramei o meu pranto
Golpeado pelo destino
Minha cabeça sangra, mas não se curva.

Longe deste lugar de ira e lágrimas
Só assoma o horror das sombras
Ainda assim, a ameaça dos anos me encontra
E me encontrarão para sempre, destemido

Pouco importa quão estreita seja a porta
Quão profusa em punições seja a lista
Sou senhor do meu destino
Sou o capitão de minha alma.

Poema de William Ernest Henley (1875), que Mandela lia na prisão.


domingo, 8 de dezembro de 2013

Somos Nós

Vocês dizem que não entendem
Que barulho é esse que vem das ruas
Que não sabem que voz é essa
que caminha com pedras nas mãos
em busca de justiça, porque não dizer, vingança.


Dentro do castelo às custas da miséria humana
Alega não entender a fúria que nasce dos sem causas,
dos sem comidas e dos sem casas.
O capitão do mato dispara com seu chicote
A pólvora indigna dos tiranos
Que se escondem por trás da cortina do lacrimogêneo,
O CHICOTE ESTRALA, MAS ESSE POVO NÃO SE CALA..


Quem grita somos nós,
Os sem educação, os sem hospitais e sem segurança.
Somos nós, órfãos de pátria
Os filhos bastardos da nação.


Somos nós, os pretos, os pobres,
Os brancos indignados e os índios
Cansados do cachimbo da paz.
Essa voz que brada que atordoa seu sono
Vem dos calos das mãos, que vão cerrando os punhos
Até que a noite venha
E as canções de ninar vão se tornando hinos
Na boca suja dos revoltados.


Tenham medo sim,
Somos nós, os famintos,
Os que dormem nas calçadas frias,
Os escravos dos ônibus negreiros,
Os assalariados esmagados no trem,
Os que na tua opinião,
Não deviam ter nascido.


Teu medo faz sentido,
Em tua direção
Vai as mães dos filhos mortos
O pai dos filhos tortos
Te devolverem todos os crimes
Causados pelo descaso da sua consciência.


Quem marcha em tua direção?

Somos nós,
os brasileiros
Que nunca dormiram
E os que estão acordando agora.


Antes tarde do que nunca.

E para aqueles que acharam que era nunca,
agora é tarde.


Sérgio Vaz – poeta da periferia