quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Mulher Chorando - Picasso

É O ACORDAR QUE NOS MATA *

Quero meus sonhos
Esquizofrenias
Não a cura que limita
Que investiga minha razão.

Nada que me limite
Analise
Quero o que move a vida
Angustias
Anseios
O sublime
Meus sonhos e ilusão.

Quero o demasiado humano
O fracasso do pensamento lúcido
A fantasia da imortalidade
Ceticismo
Meias verdades.

O que será de mim
Sem a minha loucura
Quero a minha luz
Meus escuro
Para poder estar vivo
Encontrar minhas procuras.

Jaime Baghá – numa luta entre loucura e razão.

(*Virginia Woolf)

Fui ao analista, cheguei atrasado, ele disse que eu estava com resistência
Cheguei antes da hora, ele interpretou como ansiedade
Hoje cheguei pontualmente, ele me chamou de obsessivo
Não entrei, dei meia volta e fui para casa, ler Artaud e Baudelaire, triste por
te-lo deixado vivo.

“A natureza é um tempo onde vivos pilares, deixam filtrar não raro insólitos enredos
O homem cruza em meio a um bosque de segredos, que ali espreitam com seus olhos familiares.”  Correspondência – As Flores do Mal – Charles Baudelaire.


Angústia - Edvard Munch


 Esta velha angústia, 
Esta angústia que trago há séculos em mim, 
Transbordou da vasilha, 
Em lágrimas, em grandes imaginações, 
Em sonhos em estilo de pesadelo sem terror, 
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum. 

Transbordou. 
Mal sei como conduzir-me na vida 
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma! 
Se ao menos endoidecesse deveras! 
Mas não: é este estar entre, 
Este quase, 
Este poder ser que... 
Isto. 

Um internado num manicômio é, ao menos, alguém, 
Eu sou um internado num manicômio sem manicômio. 
Estou doido a frio, 
Estou lúcido e louco, 
Estou alheio a tudo e igual a todos: 
Estou dormindo desperto com sonhos que são loucura 
Porque não são sonhos. 
Estou assim... 

Pobre velha casa da minha infância perdida! 
Quem te diria que eu me desacolhesse tanto! 
Que é do teu menino? Está maluco. 
Que é de quem dormia sossegado sob o teu teto provinciano? 
Está maluco. 
Quem de quem fui? Está maluco. Hoje é quem eu sou. 

Se ao menos eu tivesse uma religião qualquer! 
Por exemplo, por aquele manipanso 
Que havia em casa, lá nessa, trazido de África. 
Era feíssimo, era grotesco, 
Mas havia nele a divindade de tudo em que se crê. 
Se eu pudesse crer num manipanso qualquer — 
Júpiter, Jeová, a Humanidade — 
Qualquer serviria, 
Pois o que é tudo senão o que pensamos de tudo? 

Estala, coração de vidro pintado! 

Álvaro de Campos

Camile Claudel

"A loucura, longe de ser uma anomalia, é a condição normal humana. 
Não ter consciência dela, e ela não ser grande, é ser homem normal. 
Não ter consciência dela e ela ser grande, é ser louco. 
Ter consciência dela e ela ser pequena é ser desiludido. 
Ter consciência dela e ela ser grande é ser gênio". Fernando Pessoa