sexta-feira, 28 de dezembro de 2012


 DESORDEM E RETROCESSO
Eu não deveria estar esquentando com o que acontece no Brasil e nem deveria ter mais consciência, mas como sou um cara na contramão do establishment tenho que me manifestar. Os caras que pintam e bordam estão sempre aí reeleitos, a grande maioria de nossos ricos são os caras que manipulam o dinheiro público, é uma panela de amigos e concorrentes para ver quem rouba mais. Onde está a lei e a Receita Federal que não passa uma malha fina e vê de onde vieram os bens destes bandidos, isto só acontece com o cidadão comum, autoridade e seus amigos não tem bem apurado. Cadeias são para os pobres marcados pela injustiça social, superlotadas com homens empilhados em condições subumanas, muitos são vítimas de uma sociedade injusta. Tudo isso porque o estado dá mau exemplo com seus servidores e políticos desonestos, não os pune adequadamente,  é relapso, abusa nos impostos, rouba o dinheiro público e não dá uma qualidade de vida ao seu povo, continuando assim não vai ter prisão o suficiente e caminhamos para o caos.
Passamos daquilo que Michel Foucault chamou de sociedade disciplinar e Gilles Deleuze disse que era a sociedade do controle e o que temos é a ilusão da utopia de uma mídia comparsa, de uma televisão que distorce informações e marginaliza o povo com programas de péssimo gosto, com apresentações chulas em que as mulheres desejadas se transformaram em monstros siliconados e uma corja de imbecis que mostra que, quanto mais ridículo melhor.
Sangue nos programas apelativos que banalizam o crime, sexo para a família no chamado horário nobre. Pastores caça-níqueis (muito dinheiro) são o sucesso, prometendo curas, salvações e paraísos para os zumbis incautos. E tenham cuidado, estes sanguessugas do senhor estão com uma bancada cada vez maior de políticos, corremos o perigoso risco do monoteísmo e de um poder teocrático, aí sim vamos ser governado pelo grande irmão Malafaia ou o grande irmão Macedo e viver como num conto de George Orwell, mamãeeee!
No Brasil, os cidadãos urbanos vivem com medo e assustados com a violência, os crimes, as chacinas. O cara apanha por ser pobre, por ser negro, por ser gay, por ser estrangeiro, por estar de bobeira. Criaram o Estatuto da Criança e do Adolescente, excelente para países de boa educação, mas uma ótima cartilha para a contravenção neste país sem lei, onde o menor é manipulado para o crime, sem problema nenhum e tudo fica perdoado depois dos 18 anos. A bem pouco tempo o filho do seu fulano ficava famoso (e constrangido), por ter sido pego fumando um baseadinho malhado, hoje os viciados (e bota vício nisso, com muitos crimes e muitas mortes)  criaram cidades chamadas cracolândias, cujos habitantes aumentam dia a dia num submundo aterrador sem condições humanas, atirados ao lixo, a doença e a um inferno em plena metrópole. No mesmo inferno circula o cidadão que trabalha e estuda, paga um imposto abusivo, sem saúde, educação e direitos violados, enfrentando precariedade em tudo, assustado, faz de sua residência seu cárcere. 
Em outros países temos as ocupações que denunciam a perda da capacidade dos partidos de representarem os desejos políticos reais que se articulam na polis, aqui nossos jovens estão ficando idiotas, perderam o conceito político e de crítica (salvo alguns raros guerreiros das faculdades federais), usam a internet só para fofocas, frivolidades e futilidades. Há, e tem aquele babaca que coloca a máscara do Guy Fawkes, do filme “V” de Vingança e diz “muito sinistra esta máscara”, e pensa que é um revolucionário, quando a pressão bate chama a mamãe.
Diferente dos outros países, no Brasil as ocupações são feitas pelo crime organizado (civil e policial), estabelecendo regras, toque de recolher, cometendo chacinas.  O crime organizado brinca de cirandinha com o estado vil, comanda e dá ordem de abrir e fechar comércio, matando os cidadãos comuns e os policiais (alguns também contraventores), em quadrilhas que vai do pé de chinelo até as maiores autoridades.
Não se sabe mais quem é quem, a situação esta se transformando num cenário devastador. Como diz o jornalista Marcio Accioly, “se punir e atuar com seriedade e tudo for cumprido ao pé da letra, a maioria dos que nos governam terá inevitavelmente que ser encarcerada, Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas e o próprio Congresso Nacional está cheio de contraventores, grupos e quadrilhas de alta periculosidade. De maneira que a banalização do mal, na abordagem da filósofa Hannah Arendt, é no Brasil a banalização do roubo e da patifaria”. É tanto canalha se dando bem, tanto ordinário virando “celebridade” (argh! palavrinha infecta), que fica difícil educar os filhos e tentar mostrar a eles alguma decência. Seria melhor colocar na bandeira brasileira a palavra “Desordem e Retrocesso”.

Jaime Baghá


Triboulet


LES MISANTHROPES BRÉSILIENS*

Temos no ar o mega sucesso da mídia: o julgamento do mensalão que me parece mais uma comédia de Moliére do que a lei vigorando neste país. Velhos birrentos como Triboulets, luminares (ou apagares) nas suas capas pretas (lembro o Bela Lugosi ou o Darth Vader), em desarmonia o tempo todo, com torcida organizada de ambos os lados esperando o desfecho da ópera bufa. Agora imaginem como seriam os julgamentos dos caixas dois que temos neste país de norte a sul, de prefeitura dos cafundós até os maiores escalões do governo, das compras de voto, de desvios de verbas, superfaturamentos, notas frias, empresas e funcionários fantasmas, superfaturamentos, crimes de jagunços, desmatamento ilegal, empreiteiras que nunca enfrentaram CPI (porque nunca saiu), seringueiros e sindicalistas assassinados, crimes contra os indígenas e toda a desgraça de crimes ligados a política neste país. Não me ufano com as demonstrações do Supremo, pois se houvesse justiça o Dr. Roger Abdelmassih, acusado de estupro, não teria se beneficiado das influências do Ministro Gilmar Mendes para livrá-lo da prisão, um dos inúmeros casos escandalosos em que o Supremo Tribunal Federal agiu de maneira infame e vergonhosa.  
Porque não tem lei para o escândalo do Projeto Sivam, contra as fraudes da previdência da empresa ESCA, associada à outra malandra americana chama Raytheon. 
Da criação do PROER para salvar o banco dos amigos de FHC.
E o caixa dois de Fernando Henrique que fez desaparecer R$ 5 milhões do dia prá noite.
As privatizações do Sistema Telebrás, da Vale do Rio Doce e as acusações de propina de Jose Serra.
A corrupção do DNER onde a propina tinha nome de precatórios.
O caso Marka/FonteCidam, onde o Bco. Central socorreu com mais de R$ 1.6 bilhão tornando felizes e ricos o Sr. Chico Lopes e Salvatore Cacciola.
O fiasco dos 500 anos e o superfaturamento do Stand da Feira de Hannover pelo filho de Fernando Henrique.
A festa das fraudes na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (projeto Sudam) em mais de R$ 2 bilhões.
Os desvios de R$ 1.4 bilhões em projetos da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste-SUDENE.
O dinheiro que sumiu do Fundo de Amparo ao Trabalhador-FAT em torno de R$ 4.5 milhões.
Os milhões de dólares que Maluf e família roubaram e tem no exterior e não mais ouvimos falar, nem sobre os 22 milhões que a justiça os condenou a devolver.
Porque o escroque Naji Nahas continua pintando e bordando no Brasil e continua impune, sua última foi à barbárie do Pinheirinho junto com seu comparsa Geraldo Alckmin e sua turma blitzkrieg nazistóide.
E o banqueiro Daniel Dantas com acusações de desvios de verbas públicas e crimes financeiros, inclusive se beneficiou com o esquema do mensalão, propinou até a Polícia Federal e não ouvimos mais falar mais do cara.
E o Opportunity Fund das Ilhas Cayman, empresa criada só para ser utilizada nos esquemas de roubos no Brasil.
A Privataria Tucana no livro do jornalista Amaury Ribeiro JR, que informa com farta documentação a corrupção nas privatizações do governo FHC.
Diante de tudo isso e muito, mas muito mais, o mensalão é um pirulito de criança e o nosso SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL jamais fez e fará alguma coisa, mostra apenas uma opereta barata para virar ufanismo na mídia. Fora da ópera bufa eles dormem nas suas tediosas sessões, enrolados em suas capas pretas como “vacas sagradas”, como dizia o jurista e senador Paulo Bisol. 
Então esperamos o quê? O Brasil que teve presidentes como: Collor o louco, Sarney o aproveitador corrupto, ou o “Honorável Bandido” do livro de Palmério Dória, Fernando Henrique o vaidoso duas caras, Lula que ficou amiguinho do Maluf e um socialismo vesgo tupiniquim que só é bom na cátedra, mas que na real, assim como todos os políticos na sua maioria, quando tiveram poder mudaram o pensamento. 
Então temos todos os ingredientes: direita e esquerda preparam um terreno fértil para um golpe militar, o povo imbecilizado pela mídia não vai precisar do Padre Patrick Peyton e a “marcha da família com deus pela liberdade”, com as senhoras da classe média. Vamos ter os buliçosos e embusteiros pastores caça-níqueis televisivos comandando uma multidão muito maior, gritando glória, louvando e batendo palmas freneticamente como robôs comandados, quem sabe a frente teremos um novo Nini “o louco” (Gal. Newton Cruz) empertigado em um cavalo branco sendo saudado pelo que restou dos velhos gorilas da ditadura, aí quando a coisa sair de controle e os novos gorilas censurar, prender, torturar e matar,  os novos nerds e raros estudantes esclarecidos vão sair novamente cantando de mãos dadas o hino de um novo Vandré cibernético, acreditando no país do futuro.

*Os misantropos brasileiros

Jaime Baghá 



Born Into This (Nascido nisso)

"Nascido assim
Nisso
Como o giz de faces sorridentes
Como a Sra. Morte às gargalhadas
Como as paisagens políticas dissolvidas
Como o peixe oleoso cuspido fora de sua oleosa vítima.

Nós nascemos assim
Nisso
Nos hospitais que são tão caros
Que são baratos para morrer (...)
Com advogados que cobram muito
É mais barato pleitear a culpa
Num país onde as cadeias estão cheias
E os hospícios estão fechados.
Num lugar onde as massas elevam idiotas
Em heróis ricos.

Nascido nisso
Andando e vivendo dentro disso
Morrendo por causa disso
Castrado, corrompido, deserdado
Por causa disso.
Os dedos se estenderam para um deus irresponsável
Os dedos alcançaram a garrafa, a pílula, o poder (...)

Nós nascemos nessa triste linha de morte
Lá estará aberto e impunível assassinato nas ruas
Será armas e multidões passageiras
A terra será inútil
A comida terá um retorno mínimo

O poder nuclear será tomado por muitos
As explosões continuarão balançando o mundo
Homens radioativos comerão a carne de homens radioativos..
Os corpos apodrecidos dos homens e dos animais vão feder no vento da escuridão
E lá estará um bonito silêncio jamais ouvido.

Nascido fora disso
“O sol escondido estará à espera do próximo capítulo.”

C.Bukowski

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Sempre sonhando, desde os tempos em que não sabia o que era imperialismo, comunismo, neoliberal, globalização e o escambau. Maravilhosa é a infância e a inocência. Para Neide e a Neuza, as filhas das vizinhas, e para a minha vizinha e grande amiga inesquecível Dona Maria Vargas, de Cachoeirinha/RS. 

ERA UMA VEZ

Um menino
Que gostava de flâmulas
Gibis, bolas de gude
Peões, caixa de bugigangas
Tesouros, embaixo da cama

Um menino
Que dançava rock
Para as primas olhar
Coca-cola e lanchinho
Nos córregos para pescar

Um menino
Cantor, cowboy
Que não perdia matinê
Banho pelado nos açudes
Seriado de super-herois

Um menino
Desbravador de florestas
Do fundo do quintal
Tarzan, super-homem
Capas de roupas do varal

Um menino
De imaginários inimigos
Espadas, pistolas de raios
Medo do escuro
Destemido diante do perigo

Um menino
Moleque, fora da linha
Mambembe, ator
Cunhado do amigo
Namorado da filha da vizinha

Ainda sou um menino
Nesta egocêntrica luta
Pária do vazio convencional
Que me fez poeta, chacal
Nesta pífia sociedade adulta.
                         

domingo, 30 de setembro de 2012




ME ENTERREM COM A MINHA AR 15

A rajada volta a soar
como a onda da vida
Fica frio..É só mais um número-fantasma na área...
O urubu no esqueleto do leão
escapando da arena...
Quem atira é o pseudo-morto, meu irmão...
Maluco..Acabou a munição...Foda-se, continuo atirando...
Para cima...Beleza..é só isso...a fumaça
que sai do cano e sobe até as nuvens...
Laser no meu peito...Tá ligado..na seqüência..O coração..explode...
e estou livre da boca
que se abre pro mar...
Quer saber...Morrer não dói...
primeiro o tempo fica bem devagar...Tipo sonhando..
Aí vem um clarão...Você vê o Morro por todos os lados...
E então...


Marcelo Ariel – Um grande poeta da nova geração da poesia brasileira
Dizem que esta poesia era lida publicamente nas ruas do Egito durante os protestos que derrubaram o governo de Hosni Mubarak.




quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Judiciário Brasileiro, periférico, opaco e desonesto.

DESORDEM E RETROCESSO.
Próximas as campanhas eleitorais, não posso deixar de manifestar-me sobre a nossa escória sem escrúpulos, vergonhosamente protegidos por um judiciário igualmente espúrio e igualmente canalha, que acintosamente sacaneia o povo brasileiro.
“O político”, (salvo raríssimas exceções) é o câncer do Brasil, os falsos, os parasitas que impedem as reformas estruturais, o crescimento e a prosperidade do povo, uma praga da burocracia e da corrupção, que impedem a diminuição e a simplificação dos impostos, entregam nossas riquezas e produtos estratégicos ao capital estrangeiro, criam órgãos inúteis e perdulários, negam a reforma e a descentralização da previdência, a reforma eleitoral com a implantação do voto distrital, a regularização do coeficiente eleitoral dos estados e a fidelidade partidária.
Negam a reestruturação de estados e municípios que não possuem autonomia econômica. São responsáveis pelas prisões superlotadas, disseminação da droga como uma epidemia, a violência e a miséria humana.
Espero o  dia em que  este povo ira cansar-se de ser espoliado por vocês e este judiciário vagabundo e tenhamos um estado civilizado e centrado nas suas obrigações essenciais, fazendo jus ao imposto que arrecada, para proporcionar de maneira eficaz a infra-estrutura e os serviços vitais para a nação, com um estado democraticamente de direito para seu povo.  Jaime Baghá

Horário Eleitoral

Ode aos Herdeiros Políticos.
Ganham aos catorze anos a primeira gravata, com as cores do partido que melhor os ilude. Aos quinze, seguem a caravana. Aplaudem conforme o cenho das chefias. São os chamados anos de formação. Aí aprendem a compor o gesto, a interpretar humores, a mentir honestamente. Aprendem a leveza das palavras, a escolher o vinho, a espumar de sorriso nos dentes. Aprendem o sim e os não mais oportunos. Aos vinte anos, já conhecem pelo cheiro o carisma de uns, a menos-valia de outros, enquanto prosseguem vagos estudos de direito ou economia. Estão de olho nos primeiros cargos; é preciso minar, desminar, intrigar, reunir. Só os piores conseguem ultrapassar essa fase. Há então os que vão para os municípios, os que preferem os organismos públicos. Tudo depende de um golpe de vista ou dos patrocínios à disposição. É bem o momento de integrar as listas de elegíveis, pondo sempre a baixeza acima de tudo. A partir do parlamento, tudo pode acontecer: diretor de empresa pública, coordenador de campanha, assessor de ministro, ministro, diretor executivo, presidente da caixa, embaixador na pqp!... Mais à frente, para coroar a carreira, o golden-share de uma cadeira ao pôr-do-sol. No final, para os mais obstinados, pode haver nome de rua (com ou sem estátuas), flores de panegírico, fanfarra e... formol!             
Jose Miguel Silva. 
Sobre o autor: poeta contemporâneo português,nasceu em maio de 1969, em Vila de Gaia, no distrito do Porto. Este poema está no livro "Movimentos no Escuro". Lisboa, 2005.
Provocações: Abujamra - 03/04/2012




HIPOCRISIA
A hipocrisia é um vício que está na moda, e todos os vícios que estão na moda são vistos como virtudes. O personagem do homem de bem é o mais fácil de interpretar em nossos dias, qualquer hipócrita o representa com razoável perícia. É uma arte cuja impostura é sempre respeitada, e mesmo que seja descoberta, ninguém ousa dizer nada contra ela. Todos os outros vícios dos homens estão expostos à censura, e cada um tem a liberdade de atacá-los em voz alta; mas a hipocrisia é um vício privilegiado: com sua mão ela tapa a boca de todo mundo e goza tranquilamente de uma impunidade soberana. Hipócritas usam as mesmas máscaras, possuem semelhantes comportamentos e afetações, formam assim um grupo fechado e autoprotetor: quem atacar um vai ter o revide de todos os outros. Por mais que se saiba de suas intrigas e futricas, que se conheça e divulgue aquilo que realmente são, nem por isso eles perdem o prestígio e a estima das pessoas.
Molière


Justiça


sexta-feira, 13 de julho de 2012

            Reunião de Personalidades (clique para ampliar imagem)

VOCÊ E EU

Você gosta do Fernando Henrique, eu do Lula
Você gosta do Ronaldo Caiado, eu do Pedro Stédile
Você gosta do bispo Luiz Bergonzini, eu do Frei Beto
Você gosta do Botha, eu do Mandela
Você gosta do Bush, eu do Fidel
Você gosta do Vargas Losa, eu do Gabriel Garcia Marques
Você gosta dos cachorros de Pinochet, eu de Camila Vallejo
Você gosta do Pinochet, eu do Pablo Neruda
Você gosta do Kennedy, eu do Che Guevara
Você gosta do General Custer, eu do Simon Bolívar
Voce gosta do Thomas Edison, eu do Nícola Tesla
Você gosta do Pizarro, eu do Atahualpa
Você gosta do Avigdor Lieberman, eu do Ilan Pappé
Você gosta do Churchill, eu do Gandhi
Você gosta do John Wayne, eu do Grande Otelo
Você gosta do Búfalo Bill, eu do Lampião
Você gosta do Costa e Silva, eu do Brizola
Você gosta do Reagan, eu do Mitterrand
Você gosta do sertanejo, eu de moda de viola
Você gosta de funk, eu de samba
Você gosta de balada, eu de jazz
Você gosta do Paulo Coelho, eu do Veríssimo (os dois)
Você gosta do Stalin, eu do Prokofiev
Você gosta do general Franco, eu do Garcia Lorca
Você gosta da “mão invisível”, eu da “Mais-Valia”
Você gosta do Salieri, eu de Mozart
Você gosta do Rupert Murdoch, eu do Jean Baudrillard
Você gosta dos irmãos Coen, eu gosto do Ken Loach
Você gosta da América do Norte, eu da América Latina
Você gosta de Jurerê, eu da Praia do Rosa-SC.
Você gosta da Usina Belo Monte, eu dos índios do Xingu
Você gosta de “Caras”, eu de “Caros Amigos”
Você gosta da “Veja”, eu da “Cult”
Você gosta do Roberto Campos, eu do Darcy Ribeiro
Você gosta do Mickey, eu do Chico Bento
Você gosta da Wanessa Camargo, eu da Vanessa da Mata
Você gosta do Billy Graham, eu do Mather Luther King
Você gosta do Dale Carnegie, eu do Bukowski
Você gosta do P.A.N. ou do P.R.I. eu do subcomandante Marcos
Você gosta do Blackwater eu do Greenpeace
Você gosta de Coca-Cola, eu de Laranjinha (Agua da Serra - SC)
Você gosta dos dogmas, eu do Nitetzsche
Você gosta de globalização, eu de ocupação
Você gosta do neoliberalismo, eu do socialismo
Você gosta de globalizar, eu de desglobalizar
Você gosta das corporações, eu de responsabilidade moral
Voce gosta dos capitalistas, eu dos marxistas
Você gosta dos alienados, eu dos indignados
Você gosta da princesa, eu dos rioters
Voce é um Homo Internéticus, eu um Homo Literatus
Você espera a sorte, eu espero Godot
Jaime Baghá, sempre na contramão.

domingo, 24 de junho de 2012


INDIGNAI-VOS
O livro de Stéphane Hessel, “Indignai-Vos” (Indignez Vous), ultrapassou os 500 mil exemplares em vendas, nele Hessel convida para que as pessoas façam um envolvimento social e político para um mundo diferente e mais igualitário. No seu opúsculo, mas grandioso livro, ele fala aquilo que todos vemos e não nos indignamos, porque estamos cegos em ser aquilo que a mídia comparsa quer. Não vimos a vergonha de uma sociedade doente perniciosa e corrupta, uma oligarquia de ricos e poderosos junto com políticos canalhas, comprados pelos mercados financeiros, abandonando os valores de uma democracia moderna e decente. Hessel conclama por todos os tipos de indignados, principalmente os mais jovens, em sua maioria agindo como zumbis para o consumismo moderno. “Aos Jovens eu digo: olhem a sua volta e vocês encontrarão os temas que justificam a sua indignação”.  Hessel sofre acusações por parte de algumas organizações judaicas, porque se solidariza com o sofrimento dos palestinos, estas organizações esqueceram o que Hessel nunca esqueceu, como judeu perseguido que passou por campos de concentração e lutou bravamente na resistência francesa contra os nazistas.  Diplomata, embaixador e participante da Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, Hessel sabe bem o que fala.
Fiquei muito surpreso ao abrir o livro de Hessel, não pelo conteúdo, o qual eu já tinha uma expectativa do que se tratava, mas por deparar-me na primeira página, com a figura de um quadro de Paul Klee, “Angelus Novus”, em que Hessel se refere ao comentário do filósofo alemão Walter Benjamin, que foi o primeiro proprietário da obra e sobre a qual ele via um anjo repelente. Benjamin falava da “tempestade que chamamos de progresso”. Minha surpresa é que numa postagem em meu blog em 26 de março de 2009, coloquei uma poesia de minha autoria chamada “A Tempestade”, onde eu mostro uma foto de Benjamin e o quadro de Paul Klee. Minha poesia também é uma indignação contra as atitudes dos afortunados e políticos, dos que obtém lucro na devastação. “Aquilo que chamamos de progresso é este vendaval”, ela foi composta em 1999 sem que eu nunca tivesse ouvido falar do Sr. Hessel. Muitas vezes me refiro como um “cara que anda sempre na contramão”, é uma ironia referente às minhas posições que carrego desde muito jovem. Vendo a opinião de Stéphane Hessel e da grande maioria dos escritores, filósofos e ativistas políticos com responsabilidade moral e social, fico muito feliz em ter esta linha de pensamento. Minha poesia publicada nas primeiras postagens deste blog com a mesma indignação, numa visão que antecipa a obra de Hessel, fortalece o meu pensamento e dos que amam o planeta terra e seus semelhantes.
“Ceux que marchent contre Le vente”, os que andam contra o vento, nome que foi pego emprestado dos Omahas (povo indígena da América do Norte da família dos Sioux), para dar nome a esta coleção do livro de Hessel. Acho que também sou um dos: “Os que andam contra o vento” e creio que vou morrer na contramão, um socialista libertário sem expressão de uma província do interior, um rebelde sem pausa.  

Jaime Baghá

domingo, 27 de maio de 2012

PINA BAUSCH



PINA

Ser Pina
É ousadia
Fragmentos
Ações e sentimentos
Suspense
Contraposições
Diagonais e progressões.

Ser Pina
É ser humano
Prisioneiro
Crueldade e abandono
É perda
Luto
Alegria e beleza.

Ser Pina
É liberdade
Paixão
Conflitos e história
É amor Lírico
Ternura e glória

Ser Pina
É absoluta
Minimalista
Além do artista
Elementos
Dança
Tempo e movimento.

Ser Pina
É dar forma
Sentir
Elegante e sutil
Nobre
Você
E o que te move

Ser Pina
É estar vivo
“Ou dançamos ou estamos perdidos”.

E se você puder, pode ser gloriosa como Deborah Colker.
Jaime Baghá




Pina, a bailarina que mistura tipos e seres em suas danças, a coreógrafa que conta histórias, misturando raças e etnias, mostrando que acima de tudo o mais importante é o ser humano, seus sentimentos e sua emoções. Pina mostra nossas paixões, ternura, timidez, seduções, alegrias e tormentos, é única, é uma lenda, é arte que me da prazer e me emociona, bem como a define Wim Wenders, é “sonho em movimento”. Vejam o filme “Pina”, documentário em 3D, uma homenagem de Wim Wenders a coreógrafa alemã. 
Jaime Baghá


domingo, 15 de abril de 2012

EIS OS GOVERNOS

Ser governado é ser observado, inspecionado, espiado (no sentido de falta de privacidade tal como se entende hoje), dirigido, legislado, numerado, regulado, regulamentado, parqueado (enrolled), doutrinado, controlado, calculado, avaliado, censurado, por criaturas que não têm nem o direito nem a sabedoria nem a virtude para fazê-lo.

Ser governado é ser, a cada operação, a cada transação. A cada movimento, notado, registrado, recenseado, tarifado, selado, medido, cotado, avaliado, patenteado, licenciado, autorizado, rotulado, admoestado, impedido, reformado, reenviado, corrigido.

Ser governado é, sob o pretexto da utilidade pública e em nome do interesse geral, ser submetida à contribuição, utilizado, explorado, monopolizado, extorquido, pressionado, mistificado, roubado, e depois, a menor resistência, a primeira palavra de queixa, reprimido, multado, vilipendiado, vexado, acossado, maltratado, espancado, desarmado, garroteado, aprisionado, fuzilado, metralhado, julgado, condenado, deportado, sacrificado, vendido, traído e, no máximo grau, jogado, ridicularizado, ultrajado, desonrado.

Eis o governo, eis a justiça, eis a sua moral, por isso sempre fui e sempre serei gauche, rebelde, irônico, com especial senso sardônico de humor negro, sempre com uma tendência de fazer o contrapeso lançando luz sobre uma área do pensamento que não esta sendo enfatizado, vivendo fora do consenso para manter meu olhar livre, pois é um problema viver numa sociedade que já não enfatiza e não pensa muito, ou nada. Assim como Nietzsche acho que os códigos morais são mentiras e fraudes com o objetivo de mascarar as forças e influenciar o comportamento humano, por isso viva todos os rebeldes, cults e ousados, viva todas as tribos que cospem nestes padrões pré-estabelecidos e nos seus demônios, destruidores do planeta, criadores da miséria e das guerras.

Assim como Proudhon

Jaime Baghá

Constatar o absurdo da vida não pode ser um fim, mas apenas um começo... A.Camus



O Maldito Céline não sai de moda, o texto abaixo mostra que tudo continua o mesmo, os dignos de vênia ajudam a lotar mais e mais prisões para que os "indignos" se comportem e fiquem quietinho no seu lugar de miséria. Enquanto os colossais do poder roubam, falseam, traem, mentem, destroem e recebem a benção da “justiça” e da “lei”, como os verdadeiros veniais, sempre trilhando os caminhos do poder com suas impunidades. Não parece bem com o Brasil?
Jaime

É verdade que estamos habituados a admirar todos os dias bandidos colossais, cuja opulência o mundo inteiro venera conosco e cuja existência se revela, porém, assim que examinamos um pouco mais de perto, um longo crime renovado todos os dias, mas essas pessoas gozam de glória, honrarias e poder, seus crimes são consagrados pelas leis, ao passo que tão longe quanto recuamos na história, e você sabe que sou pago para conhecê-la, tudo nos demonstra que um furto venial, e mais ainda, de alimentos ordinários, tais como massas, presunto ou queijo, atrai inevitavelmente para seu autor o opróbrio formal, o repúdio categórico da comunidade, os castigos maiores, a desonra automática e a vergonha inexpiável, e isso por duas razões, primeiro porque autor de tais atrocidades é em geral um pobre e que este estado implica em si mesmo uma indignidade capital, e depois porque seu ato comporta uma espécie de crítica tácita à comunidade. O roubo do pobre torna-se uma maliciosa reapropriação individual, está me entendendo?... Onde é que iríamos parar? Assim, a repressão aos pequenos furtos se exerce, repare bem, em todas as latitudes com rigor extremo, não só como meio de defesa social, mas ainda e sobretudo como uma recomendação severa a todos os pobres coitados para que se mantenham em seu lugar e em sua casta, sossegadinhos, alegremente conformados em morrer ao longo dos séculos e indefinidamente de miséria e de fome...

Louis-Ferdinand Céline

domingo, 11 de março de 2012

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
o Estado
tinha uma pedra no meio do caminho
a Justiça
tinha uma pedra
a Miséria
no meio do caminho tinha uma pedra
a indiferença.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigada
louca, alucinada, medradas, esgazeadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
o abandono
tinha uma pedra no meio do caminho
a prisão
no meio do caminho tinha uma pedra
de Crack.

E agora José
Você que é sem nome
E tudo acabou
Não existe porta
Você marcha, Jose!
Jose, para onde?

Profanei a poesia de Drumond para ela não sair de moda, para ela ser a poesia da era das celebridades, (palavra infecta) blargh! Da mídia, Big Brothers, burros, chulos, Pânico e putarias. Dos políticos nojentos e suas confrarias, dos judiciários fedorentos e suas ignomínias, da sociedade alegoria, emergente, siliconada, esdrúxula e suas madames com botox e cara de bruxa, dos seus filhos violentos, bêbados, arruaceiros, internautas fofoqueiros, de parco ou nenhum conhecimento, formando o Brasil do futuro, pátria esperta, malandra, de políticos ladrões e cracolândias.
Jaime


"Uma sociedade frágil, roída, consumida e abastardada por infindáveis quarteladas e golpes de estado fascistas como o de 1964; politicamente corrupta, porque o dinheiro vem antes da comunidade e seu sentido; intelectualmente capacho, porque jamais conseguiu abandonar a subserviência desde a pronúncia até as principais ideias; popularmente servil, amansada duramente por séculos de crença, favores e milagres; secularmente injusta, porque a lei não pode jamais ser feita "para o pobre", pois é coisa de Classe e de Estado; capada e recapada até não restar senão um gemido ridículo, humilde e metido a besta; curvada e recurvada, batida e rebatida. Sobre esta massa podre (que é o povo, sempre o povo!) impera, momento sim momento não, cada fatia de um Poder qualquer: uma vez é o momento dos coronéis, depois dos tenentes, depois dos generais; chega o momento do imperador, do governador, do presidente, do prefeito; passa o momento dos estudantes, dos jovens, das modas e chega o momento das mídias; passa o momento dos senhores de terra e chega o momento dos senhores das fábricas; passa o momento do Executivo, chega o do Legislativo; passa o momento do narcotráfico chega o momento do Judiciário. Cada momento destes, que não passam e se completam e se interpenetram, é o Horror! A supremacia da ignorância, do fascismo, da brutalidade, da insensibilidade, da delação: o momento da lei, da ordem, da pátria, da terra, da bandeira, da tortura, do exílio, da cotidiana passividade: momentos que causam dor, causam angústia, causam descrédito."
Alberto Lins Caldas.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A GENIALIDADE DA LOUCURA

O que devemos denominar como loucura? Muita gente caracterizada como loucos os que acabaram em manicômios, em sarjetas e no mais completo abandono, deixaram-nos um legado artístico de notável poder criativo, mostrando que criatividade e doença mental sempre andaram muito próximas. A loucura para muitos foi, e ainda é, uma fonte de energia criativa, para muitos artistas é mais do que um colapso, era outro modo de raciocinar além do racional. Ao caracterizarem Edgar Alan Poe como louco, ele respondeu: “Resta saber se a loucura não representa, talvez, a forma mais elevada de inteligência”, e junto com Alan Poe temos uma lista muito grande de nomes célebres, alguns com graves transtornos psíquicos. Beethoven, John Nash, Ângelo de Lima Porto, Clarice Lispector, Jakob Michael Lenz, Clemens Brentano, Lord Byron, Tolstoi, Rachmaninov, Tchaikósvki, Robert Schumann, Camille Clauder, Virginia Woolf, Mary Shelley e tantos outros fazem parte desta lista. Ainda hoje temos constantes notícias de artistas com fixações estranhas, dependentes de álcool e drogas, numa loucura que atormenta suas mentes criativas. Amy Winehouse foi a perda mais recente, mas a lista é interminável e antiguíssima. Platão falara de uma “loucura divina” como base fundamental de toda criatividade, e o que dizem é que esta criatividade depende dos loucos, pois o homem sensato acolhe o mundo como ele é; apenas os loucos ousam mudar. Eu, Jaime Baghá, que também tenho um pé (ou a cabeça) na loucura, por amar demais toda esta arte e seus criadores e por achar que todo nosso progresso e processo criativo dependem deles, mostro seus personagens e seus devaneios lógicos. Mas, e a realidade? Ora, “o que me interessa a realidade se vivo dentro de um sonho”. Jaime Baghá.


“Ora, pois e que escarneça do escárnio a jubilosa loucura, quando súbito se apodera dos poetas em noite sagrada.” (Hölderlin)

“De homem a homem verdadeiro, o caminho passa pelo homem louco.” (Michel Foucault)

“É preciso ter um caos dentro de si para dar a luz a uma estrela brilhante.” (Nietzsche)

“A loucura foi silenciada e encarcerada pela razão.” (Michel Foucault)

“Deixe-me por um instante, mergulhar na loucura dos sonhadores. Duvidar das regras que impõe o homem para não transgredir tudo aquilo que conhecemos. Não temo a aventura de viver em um mundo surrealista, porque meu espírito não conhece outra verdade, do que aquela que me leva além das fronteiras do impossível. No dia em que eu deixar de sonhar, mande-me flores brancas.” Texto atribuído a Salvador Dali

“Às vezes não tenho tanto a certeza de quem tem o direito de dizer quando um homem é louco e quando não é. Às vezes penso que não há ninguém completamente louco tal como não há ninguém completamente são até a opinião geral o considerar assim ou assado. É como se não fosse tanto o que um tipo faz, mas o modo como a maioria das pessoas o encara quando o faz.” William Faulkner, in “Na Minha Morte”.

“Aqui estão os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os encrenqueiros. Os que fogem ao padrão. Aqueles que veem as coisas de um jeito diferente. Eles não se adaptam às regras, nem respeitam o status quo. Você pode citá-los ou achá-los desagradáveis, glorificá-los ou desprezá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Eles empurram adiante a raça humana. E enquanto alguns os veem como loucos, nós os vemos como gênios. Porque as pessoas que são loucas o bastante para pensarem que podem mudar o mundo são as únicas que realmente podem fazê-lo.” Jack Kerouac



Friedrich Wilhelm Nietzsche, 15.10.1844 – Weimar 25.08.1900. Iniciou seus estudos no semestre de 1864-1865 na Universidade de Bonn, em Filologia clássica e Teologia Evangélica. Transfere-se para Universidade de Leipzig. Durante seus estudos em Leipzig, a leitura de Schopenhauer (O Mundo como Vontade e Representação) vai construir a sua vocação filosófica. Nietzsche é um aluno brilhante, dotado de sólida formação clássica, aos 24 anos é nomeado professor de Filologia na universidade de Basileia, adotando nacionalidade suíça. Desenvolve durante dez anos a sua acuidade filosófica no contato com o pensamento grego antigo, tendo como predileto os Pré-socráticos, em especial para Heráclito e Empédocles.
Em 1889, começa a pirar. Saindo do seu quarto de pensão, vê um cocheiro açoitando seu cavalo. Precipita-se entre o animal e o açoite e perde os sentidos, ficando desmaiado dois dias. É internado, o diagnóstico é paralisia cerebral progressiva, causada pelo uso de drogas e tendo como agravante a sua saúde precária. Fica louco e esta crise de loucura durante anos até sua morte, coloca-o sob a tutela de sua mãe e sua irmã. Diz que é o sucessor do Deus morto e o bufão da eternidade. Escreveu cartas para muitas pessoas, assinando como Dionísio e o crucificado. Nietzsche sofria, não conseguindo tratamento adequado, tornara-se seu próprio médico. Tomava drogas como o ópio, haxixe (principalmente) e cloral.
Nietzsche se superou como pensador da cultura e artista. Sua influência na filosofia posterior é grande, como em Deleuze, Heidegger e Foucault. Depois da segunda guerra, houve uma retomada da interpretação de sua filosofia, em sua acepção original, não deturpada. Fez a crítica da modernidade e seu bravo peito desbravou os horizontes possíveis com o artifício da linguagem, não cedeu diante as adversidades em sua vida incomum. Influenciou também os existencialistas e os psicólogos. Além de músico, poeta filólogo e filósofo, foi um grande escritor. Suas obras têm um tom profundo e coeso, como em Platão.

"Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar para atravessar o rio da vida. Ninguém, exceto tu, só tu. Existem, por certo, atalhos sem número, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio, mas isso te custaria a tua própria pessoa: tu te hipotecarias e te perderias. Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Aonde leva? Não perguntes, siga-o!"
"Por que você se assusta? O que acontece para a árvore, acontece também para o homem. Quanto mais deseja elevar-se para as alturas e para a luz, mais vigorosamente enterra suas raízes para baixo, para o horrendo e profundo: para o mal".
“Os homens de convicção simplesmente não tecem considerações no que toca aos fundamentos do valor e desvalor. Convicções são prisões. (...) A grande paixão usa e volta a usar convicções, não se submete a elas...” Friedrich Nietzsche




Johann Christian Friedrich Hölderlin, Lauffen, Alemanha 02.03.1870 – 07.06.1843. Sintetizou na sua obra o espírito da Grécia antiga, os pontos de vista românticos sobre a natureza, poeta e romancista estando hoje entre os maiores poetas germânicos, admirado por Nietzsche, Heidegger, entre outros. Considerado um dos grandes poetas do ocidente e referência obrigatória para a filosofia da arte neste século. Holderlin, como lembra Antonio Cícero, “pensou o mundo enquanto poeta e pensou sobre o mundo enquanto filósofo”. Em 1805 sua insanidade é diagnosticada. Entretanto, essa caracterização de seu estado mental como loucura, é até hoje vista de forma incerta.
Então, em 1807 foi deixado aos cuidados de Ernst Zimmers, um carpinteiro que vivia em Tübingen e grande admirador da obra intitulada Hyperion. Sob o nome de "Scardanelli", Hölderlin escreveu ainda poemas, que contavam com grande estranhamento formal. Mesmo contando com alguns períodos de lucidez, não retornou mais ao convívio social. Durante os próximos 36 anos, permanecerá em um quarto em uma torre, às margens do rio Neckar, até 1843, ano de sua morte.

CANTO DO DESTINO DE HIPERÍON
No mole chão andais
Do éter, gênios eleitos!
Ares divinos
Roçam-vos leve
Como dedos de artista
As cordas sagradas.

Como adormecidas
Criancinhas, eles
Respiram. Floresce-lhes
Resguardado o espírito
Em casto botão;
E os olhos felizes
Contemplam em paz
A luz que não morre.

Mas, ai! Nosso destino
É não descansar.
Míseros os homens
Lá se vão levados
Ao longo dos anos
De hora em hora como
A água, de um penhasco
A outro impelida,
Lá somem levados
Ao desconhecido.

F.Holderlin

Tradução Manoel Bandeira



Antonin Artaud, 1896-1948, o existencialista do desespero, desde cedo apresentou problemas de saúde e neurológicos. Aos 24 anos começou a tomar tintura de ópio para aliviar dores de cabeça. Tornou-se dependente. Foi internado diversas vezes. Sofreu vários tratamentos para loucura. Autor de teatro e cinema, teórico do teatro e autor de peças teatrais, poemas, ensaios, cartas (seu meio de expressão preferido).
Artaud foi encontrado morto no quarto de um sanatório onde estava internado. Versões para sua morte: câncer no reto (a oficial), intoxicação com heroína e morfina ou suicídio.

"Quem sou eu?
De onde venho?
Sou Antonin Artaud
e basta que eu o diga
Como só eu o sei dizer
e imediatamente
hão de ver meu corpo
atual,
voar em pedaços
e se juntar
sob dez mil aspectos
diversos.
Um novo corpo
no qual nunca mais
poderão esquecer.

Eu, Antonin Artaud, sou meu filho,
meu pai,
minha mãe,
e eu mesmo.
Eu represento Antonin Artaud!
Estou sempre morto.

Mas um vivo morto,
Um morto vivo.
Sou um morto
Sempre vivo.
A tragédia em cena já não me basta.
Quero transportá-la para minha vida.

Eu represento totalmente a minha vida.

Onde as pessoas procuram criar obras
de arte, eu pretendo mostrar o meu
espírito.
Não concebo uma obra de arte
dissociada da vida.

Eu, o senhor Antonin Artaud,
nascido em Marseille
no dia 4 de setembro de 1896,
eu sou Satã e eu sou Deus,
e pouco me importa a Virgem Maria.




Gérard de Nerval nasceu Gérard Labrunie, em Paris, boêmio, escritor, foi uma das principais figuras do movimento romântico, simbolistas e surrealistas encontraram um ídolo em Nerval, que descreveu o seu estado de sonho como “supernaturalista”.
Conheceu o futuro poeta e crítico de literatura Théophile Gautier, eles tornaram-se amigos para a vida. Aos vinte anos de idade Nerval publica a tradução de J.W. Faust von Goethe (1828), que o autor alemão elogiou.
Nerval foi o homenageado original do poema de Baudelaire, "Un voyage à Cythère", que mais tarde integrou a obra Les Fleurs du mal. Baudelaire também compartilhou com Nerval uma paixão pela Orient e haxixe - que ambos frequentam nas reuniões do famoso "Club des Hachischins" e escreveu sobre a droga.
Desde o início de 1840 até à sua morte, Nerval sofreu de intermitentes ataques de loucura; o seu primeiro colapso mental deu-se em fevereiro de 1841.
A mais importante coleção de poemas de Nerval, Les Chimères, foi publicada juntamente com a coletânea de contos Les filles du feu, em 1854. O último trabalho, em parte autobiográfico, foi Aurélia (1855), escrito em prosa lúcida, mas alucinante. O narrador descobre o poder dos sonhos e a sua fé no amor é restabelecida após a sua descida para a loucura, o mundo além da razão.
Nerval cometeu suicídio aos quarenta e seis anos de idade. Em Aurélia, o seu testamento espiritual, Nerval disse: "Eu disse a mim mesmo: é a noite eterna sobre nós, e as trevas serão terríveis. O que vai acontecer quando eles todos percebem que não há mais sol?". O corpo de Nerval foi encontrado a 26 de janeiro 1855, pendurado num parapeito na Rue de la Vielle Lanterne, um dos seus lugares preferidos em Paris. Durante algumas décadas, Nerval caiu no esquecimento, até que o romancista e crítico de Rémy de Gourmont produziu uma nova edição dos seus trabalhos em 1905.

VERSOS DE OUTRO
Homem! Livre pensador! Serás o único que pensa
Neste mundo onde a vida cintila em cada ente?
De tuas forças tua liberdade dispõe naturalmente,
Mas teus conselhos todo o universo dispensa.
Honra na fera o espírito que fermenta…
Cada flor é uma alma em Natura nascente;
Um mistério de amor no metal reside dormente;
“Tudo é sensível!” E poderoso em teu ser se apresenta.
Receia, no muro cego, um olhar curioso:
À própria matéria encontra-se um verbo unido…
Não te sirvas dela para qualquer fim impiedoso!
Quase sempre no ser obscuro mora um Deus escondido.
E, como um olho novo coberto por suas pálpebras,
Um espírito puro medra sob a crosta das pedras!
Gérard de Nerval (Gérard Labrunie)




Dramaturgo sueco (22/1/1849-14/5/1912). Um dos criadores do teatro expressionista e o escritor mais importante da Suécia. Johan August Strindberg nasce em Estocolmo e é educado dentro do rigor puritano, que considera repressivo.
Sua primeira peça importante, Mestre Olof, de 1872, é um drama sobre a revolta contra as convenções sociais e todos os tipos de poder.
É reconhecido como escritor em 1879, com O Quarto Vermelho, primeiro romance naturalista da literatura sueca. As alucinações, visões e neuroses que tem no decorrer da vida não prejudicam sua criatividade, mas dificultam seus relacionamentos.
Casa-se e divorcia-se três vezes. Revela rancor contra as mulheres em várias peças, especialmente em O Pai (1887) e Senhorita Júlia (1899). Depois de 1883 vive em diversos países da Europa e se ocupa de experiências com alquimia e ciências ocultas. Volta à Suécia em 1897. Escreve de 1898 a 1904 as três partes da peça Para Damasco, precursora do teatro expressionista, que influencia inúmeros dramaturgos alemães. Morre de câncer, em Estocolmo.
http://www.algosobre.com.br/biografias/august-strindberg.html

INDRA *
Descemos à terra arenosa.
A palha dos campos ceifados cobriu nossos pés;
O pó das auto-estradas,
Fumaça das cidades,
Bafos de onça,
Fumos dos celeiros e das cozinhas,
Tudo suportamos.
Então, fugimos ao mar aberto,
Enchendo de ar nossos pulmões,
Batendo nossas asas,
Banhando nossos pés.
Indra, Senhor dos Céus,
Escutai-nos!
Ouvi nossos lamentos!
A terra está suja;
O mal é nossa vida;
O homem não pode ser salvo
Nem do bem nem do mal.
Vivem como podem,
Um dia de cada vez.
Filhos do pó, viajam por ele;
Nascidos do pó, ao pó retornam.
Receberam pés para se arrastarem,
Não asas para voar.
Cobrem-se ainda mais de pó –
Abraçando sua culpa
Ou a Tua?
Tradução: Thereza Christina Rocque da Motta
Johan August Strindberg
* Indra é o deus das tempestades no hinduísmo, filho de Aditi com o sábio Kashyapa



Salvador Domenec Felip Jacint Dalí Domenech, 1º Marques de Dali de Púbol, importante pintor catalão, Figueres, na Catalunha, Espanha (11.05.1904 – 23.01.1989). Conhecido pelo seu trabalho surrealista, seus quadros chamavam a atenção pela incrível combinação de imagens bizarras, como nos sonhos, com excelente qualidade plástica.
Dalí foi influenciado pelos mestres da Renascença e foi um artista com grande talento e imaginação. Era conhecido por fazer coisas extravagantes para chamar a atenção, e que por vezes aborrecia aqueles que apreciavam a sua arte.

Em 1922, Dalí foi viver em Madri, onde estudou na Academia de Artes de San Fernando. Nessa época, ele já chamava a atenção nas ruas como um excêntrico, usando cabelo comprido, longos casacos, um grande laço no pescoço, calças até o joelho e meias altas. Foi amigo do poeta Federico Garcia Lorca e do cineasta Luis Buñuel.

Ao Lado da Morte Volutuosa - Salvador Dali



Espanha 1938



Crianças geopoliticas Assistindo ao Nascimento do Novo Homem-1943



Galatea de Esferas




Vincent Willem van Gogh, pintor pós-impressionista holandês, com influência profunda na arte do século XX, sofria de ataques frequentes de doenças mentais e ansiedade, cometeu suicídio aos 37 anos. Pouco reconhecido em vida, porém é considerado um dos maiores pintores da história. Seus quadros de cores vivas e de forte impacto emocional foi uma grande influência a arte modernista. Van Gogh entrou para a história como um herói romântico, um gênio torturado e incompreendido em seu tempo. Seus quadros, retratos, auto-retratos, paisagens e girassóis, estão entre os mais caros do mundo, “Retrato do Doutor Gachet” foi vendido por 82,5 milhões de dólares em 1990.

Dr.Paul Gachet-1890


Noite Estrelada Sobre o Rhone




Francisco José de Goya y Lucientes, conhecido como Francisco Goya, 30.03.1796 - 15.041828, foi o mais importante pintor espanhol na fase do romantismo, retratou vários temas em suas pinturas, paisagens, cenas mitológicas, religião, demônios, guerras, homens, mulheres, deuses, demônios e feiticeiros. Comédias, sátiras, tragédias e farsa eram recorrentes em suas obras, em maior destaque as pinturas a óleo, com cores vivas, transmitindo os sentimentos humanos como medo, sofrimento, angústia, felicidade, etc. Seus estilos impressionistas influenciaram pintores franceses do século XIX como Monet. Durante a última parte de sua vida, Goya cobriu as paredes de sua Quinta com as famosas pinturas negras, as últimas e mais misteriosas do seu gênio atormentado, um reflexo de sua saúde física e mental,

“O sono da razão produz monstros” Goya


La Maja Desnuda


O Três de Maio 1808




Edvard Munch, Loten, Noruega - 12.12.1863 – 23.01.1944 – Um dos precursores do expressionismo alemão, Foi influenciado por Coubert e Manet e em Paris recebeu reconhecida influência de Toulouse-Lautrec e Gauguin. Munch vivia doente, teve problemas de perdas na familia, sua mãe morreu quando ele era um menino, uma irmã tinha problemas mentais e outra morreu após casar. Toda a sua obra tinha a marca de suas obsessões, como rostos sem feições e figuras distorcidas, seus temas era a morte, melancolia, tristeza, solidão e o terror das forças da natureza. Seu quadro “O Grito” é considerado a sua obra máxima e um dos mais importantes do expressionismo, retrata o desespero e a angústia e foi inspirado nos seus próprios problemas e decepções com amigos e no amor. Munch tinha plena consciência do seu quadro maníaco-depressivo, porém não aceitava tratamentos, acreditava que pudesse extinguir o seu poder criativo, declarou que: “Prefiro continuar sofrendo desses males, porque são parte de mim e de minha arte”

O Grito (Skrik)


Madonna-Edvard Munch