segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009


ALMA BEAT

Por que nasci?
Para dizer confesso que vivi?!
Que vida é essa?
Que tenho vivido!
Se vou perdendo quem amo
Um a um
Os amigos queridos.
Ganho depressa a velhice
O desdém da sociedade hipócrita
Que só vê a sandice
Até perder a minha vida
Sem um mais.
Mas se o nada é nada!
E nascemos para perder!
Eu quero mais!
Para amar esse único
Existencialismo telúrico.
Quero fugir desse tédio
Como um beat rebelde!
Vagabundo sem remédio.
Quero a estrada
Como um Kerouac iluminado
Transgredir o melhor
No niilismo asfaltado.
Quero a vida!
Enquanto vida!

Para os Kerouacs, Ginsbergs, Burroughs e outros que insistem em ser vagabundos.

Baghá, outono de 2005.

Martin Chambi fotógrafo inca, olhando as ruínas de Machu Picchu.

Sou um Latino

Sou um latino que sonha no mar
Medito nos alcantis
Persigo o amar
Um pouco infeliz com a cultura vulgar
Maldito de pensamentos a vagar.
Sou um latino maluco
De subterrâneos
Ecológico
Caminhante das matas
Que observa oceanos.
Sou um Latino cabelo ao vento
Que curte os alísios
Artes, óperas, absurdos
Ditirambos de Dionísio.
Sou um latino alegre
De povo infeliz
Cético, existencialista
Foi Deus quem quis.
Sou um latino de mídia
Da moda
Sem história
Algumas vezes burguês
Noutra, escória.
Sou um latino persistente
Com muita razão
Filósofo, sensível
Marginal, sobrevivente.
Sou latino que sabe da dor
De pátria bandida
Pardo, homem de cor
Que não tem diferença
Apenas uma leve ausência
Um engano
Um poeta esquecido
Que houve blues, jazz
Tom, Chico, Caetano
E outros legais
De tons genias.

Baghá, outono de 2005.